20091109

Banksy no Bristol Museum

A amostra Banksy vs Bristol Museum, foi inaugurada mês passado na cidade de Bristol, Inglaterra.
Banksy convida as pessoas a repensar os seus conceitos sobre arte através do estêncil. E como ele faz isso? Confrontando o caos, a transgressão e poluição visual das grandes cidades com o formalismo e a sobriedade dos museus.

Sociedade de consumo. Assim como muito artistas, ele utiliza o incômodo como fonte de inspiração, então no meio da década de noventa começaram a surgir nos muros de Bristol e Londres desenhos que quebravam a hipnose de preocupações tão comum em moradores das cidades grandes: Mickey Mouse e Ronald Mcdonald andavam de mão dadas com a famosa menina queimada por napalm; colegiais louvavam bolsas de supermercado, e por aí vai.

Os hábitos capitalistas e a temática non sense, de policias dançando ciranda, uma turma de crianças alegremente abraçada a mísseis, ratos vestindo a camiseta "I Love NYC" - um destes muros foi leiloado no E-Bay por mais de 400 mil libras.

Aos poucos seu trabalho começou a ser notado não apenas pela policia inglesa, mas pelo mainstream em 2003, com o convite do Blur para ilustrar a capa e o encarte do álbum Think That. A parte gráfica do álbum teve mais êxito do que a música em si. Em 2005, Banksy viajou por conta própria até à Cisjordânia, e realizou uma série de desenhos no recém erguido Muro da Segregação (que divide fisicamente a Palestina de Israel). Um dos desenhos é o de uma menina ganhando vôo graças a balões de gás. Ganhou as páginas de jornais do mundo inteiro.

Em 2009, no Bristol Museumo visitante depara com um policial da tropa de choque cavalgando em um pônei de brinquedo, atrás dele um enorme um enorme caminhão de sorvete pichado. As instalações - algo recente na sua carreira - são uma constante à medida que avança-se pelas salas, desorganizadas e provocativas, onde aparecem animais aprisionados que sonham com a liberdade - sobrou até para o simpático Piu Piu, que aparece triste e enrugado dentro da sua jaula. "Reinterpretações" foi o que Banksy fez com algumas das mais famosas expressões das artes visuais: David, de Michelangelo, com explosivos presos ao corpo; a deusa da justiça sem a sua tradicional venda, usando agora óculos assinado e no lugar da balança bolsas de compras; quadros pixados ou alterados pela publicidade.

Esta exposição propõem às pessoas repensarem a arte e, principalmente o local ande ela acontece: os museus. Pois trata-se de um espaço que em outros tempos tinha o objetivo de analisar a sociedade através de obras, e que agora muitas vezes não passa de um local de transações comercias, divididas em dois níveis: o primeiro é um circulo social fechado formado por curadores, críticos, colecionadores e artistas que realizam ali os suas transações. O segundo nível (ou sub-nível) é formado pelo grande público, que paga o valor da entrada para ver obras famosas de artistas famosos, para depois, na loja de souvenirs, ter a ótima oportunidade de adquirir o cinzeiro do Pablo Picasso, o porta lápis do Van Gogh, entre outros mimos.

Artista urbano que usa a internet para promover seu trabalho, sendo o Twitter um dos seus canais favoritos. Mas é impossível não relacionar Banksy com outro artista que reformulou os conceitos da sua época - Andy Warol -, mesmo que um gostasse muito de aparecer e o outro simplesmente não aparece; mesmo que ambos tenham surgido de escolas diferentes e usassem técnicas diferentes, eles se assemelham pelo simples fato que pouco usaram uma linguagem tão acessível às pessoas de sua geração, tendo o cotidiano como obra prima e as figuras do mundo capitalista como objeto de estudo.

Anonimato. Sem um rosto como alvo, fica difícil elaborar criticas dirigidas.


Banksy Versus Bristol Museum

13/jun - 31/ago. Gratuito.



Nenhum comentário:

Postar um comentário