20090930

Ações pelo mundo

Em Roma, dezenas de pessoas sequestram um ônibus e, armados de aparelhos de som, começam uma festa lá dentro. Interrogados, vários deles afirmam ter o mesmo nome: Luther Blissett. Em Nova York, surgem placas sinalizando lugares históricos sombrios, como o mercado onde se leiloavam escravos. Em mais de 300 cidades do mundo, na última sexta-feira de cada mês, bandos de centenas de ciclistas se encontram aparentemente por coincidência e param o trânsito na hora do rush.
Cidades dos pampas à Amazônia são invadidas por placas de trânsito adulteradas, paraquedistas de brinquedo caindo de arranha-céus e milhões de adesivos caseiros multicoloridos. Em Belo Horizonte, abre-se uma loja grátis. No norte da Itália, aparece um gigantesco coelho felpudo de 55 metros de altura. Um olhar mais atento no coelho revela o horror: suas tripas coloridas estão para fora.
O Luther Blisset, que sequestrou o ônibus, reunia mais de 400 artistas e escritores europeus que, entre 1994 e 1999, se dedicaram a inventar histórias falsas para enganar a imprensa e mostrar como os jornalistas somos incompetentes. Depois que se desfez, 5 membros fundaram o Wu Ming, coletivo italiano que escreve romances de sucesso. O RepoHistory, da placa do mercado de escravos de Nova York, era um grupo dos anos 90 dedicados à recuperação de passados perdidos. O Critical Mass, sem líder e reivindicação clara, promove invasões ciclísticas mensais há 17 anos em quase toda grande cidade do mundo. Os coletivos brasileiros de intervenção urbana são centenas, interessados em espalhar sua mensagem pelas ruas, em vez de abandoná-las em museus desertos. A loja grátis, instalada num mercado decadente de BH, na qual qualquer um pode deixar e pegar o que quiser, é um projeto do Ystilingue. O coelho gigante, que vai ficar apodrecendo até 2025 numa montanha italiana, foi feito com lã e palha pelo coletivo austríaco Gelitin.

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